segunda-feira, 13 de novembro de 2006

O gato arranjou as unhas



Quando estreou há alguns aninhos na SIC Radical, o Gato Fedorento assumia-se como uma viagem pelo nonsense, circulando por estradas sinuosas onde polícias, sinais, passadeiras, semáforos e peões faziam parte do mesmo cenário de irrealidade que permitia ao imaginário tomar as rédeas do expresso da realidade. Depois do abandono do radicalismo, os Gato Fedorento abraçaram o serviço público e mantiveram o mesmo formato, até à estreia de «Diz que é uma espécie de magazine» - que ontem conheceu o terceiro episódio.

O actual cenário anda entre o «Febre de Sábado à Tarde» e o «Quem Quer ser Milionário», onde sketches humorísticos intercalam com comediantes a fazer de apresentadores sérios. A diferença, agora, está em que o caricaturável se limita à realidade dos nossos dias, e para isso já existe o genial Contra-Informação. Os Gato Fedorento abandonaram o nonsense e o estado de disparate puro e, com isso, perderam muita da genialidade mostrada nas séries anteriores. Ao trocarem o imaginário pela realidade tornaram-se parte, também eles, do imenso círculo mediático. Como se tivessem entrado num salão de beleza e, encadiados pelos projectores glamorosos, saissem de lá com as unhas arranjadas e já pouco afiadas. Estarão os gatos a viver um estado de domesticação?

2 comentários:

Mariozul disse...

Realmente, nota-se que estão bem mais "domesticados". E também não ajudou o programa não ter começado às 21:30h, já que tinham um gag com isso em mente...

Anónimo disse...

Já tardava a primeira pedra... ; )