terça-feira, 17 de abril de 2007

Uma sombra que ferve


Não conseguimos esperar mais que umas poucas horas para partilhar com os leitores deste mísero espaço a sensação de prazer que tivémos ao terminar «A sombra do vento». Estamos perante um verdadeiro épico, de uma história sobre a magia da literatura e da reversibilidade do destino - mesmo que traçado a traço negro anunciando o fim deste e de todos os mundos.
Dizia-me alguém, propenso a livros mais descritivos e de tom enciclopédico como «Equador» ou «Os Maias» - um dos livros maiores para o Fusco -, que não gostou desta sombra. Que o livro, apesar de bem escrito, não tem história, que lhe falta descrição, que as personagens não conseguem saltar das páginas e tornarem-se figuras reais. Não queremos discutir gostos. Mas talvez apontar, numa das suas páginas, a razão para não gostar desta sombra que nos devolve a vida:
«Bea diz que a arte de ler está a morrer muito lentamente, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e que só podemos encontrar nele o que já temos dentro, que ao ler aplicamos a mente e a alma, e que estes são bens cada dia mais escassos».

1 comentário:

Paulo Hasse Paixão disse...

Um dos mais belos livros que li nos últimos anos. Há aqui Borges e Joyce às voltas no labirinto da biblioteca da existência. Há aqui meta-literatura que nunca mais acaba. Há aqui um encanto que arrebata e arrepia. Há aqui posteridade.