Depois de um almoço requintado na ordem dos economistas, o engenheiro Mário Lino, actual ministro das obras públicas, discursou sobre a localização privilegiada do futuro aeroporto na Ota. Assumindo a pose e o discurso de um português típico e desinibido, comparou a margem sul a um deserto onde não há escolas, indústria, pessoas, em suma, onde não se passa absolutamente nada.
Com a clarividência e frontalidade de Lino, o Fusco acordou de um sono prolongado e descobriu que, afinal, vive num imenso descampado e que as escolas, as pessoas, as estradas e as fábricas que vê no dia a dia, devem ser resultado de uma tenebrosa alucinação motivada pela toma indevida e inocente de qualquer substância estragada.
José Sócrates, sobressaltado com a lábia popular mostrada pelos seus ministros e homens-sombra - Almeida Santos acredita que a ligação entre o norte e sul do país é feita exclusivamente por pontes -, já pensa em adoptar para o governo o slogan da prevenção rodoviária: se beber, não discurse.
2 comentários:
Gostei!
"Com a clarividência e frontalidade de Lino, o Fusco acordou de um sono prolongado e descobriu que, afinal, vive num imenso descampado e que as escolas, as pessoas, as estradas e as fábricas que vê no dia a dia, devem ser resultado de uma tenebrosa alucinação motivada pela toma indevida e inocente de qualquer substância estragada."
No deserto, são miragens...
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