terça-feira, 28 de agosto de 2007
Tarantino is a bitch
Nos tempos idos universitários um colega dizia-me, entre o tom sério e a pura gozação, que Quentin Tarantino era uma fraude. «Reservoir Dogs», declarava, era uma pilhagem descarada a um filme japonês, onde os últimos 20 minutos não passavam de copy&paste cinematográfico operados com a precisão de um médico cirurgião.
Após a primeira aventura com os Cães Raivosos, Tarantino caiu nas boas graças da crítica com «Pulp Fiction», onde jogando com a intemporalidade permitiu que dois defuntos fossem promovidos a heróis. De seguida realizou o seu filme mais sóbrio e de moldes clássicos, de nome «Jackie Brown». Uma surpresa no meio de tantas andanças independentes. A sua coroação chegou com o díptico «Kill Bill», onde a homenagem aos sangrentos, profundos e aventurosos filmes japoneses tocou a perfeição.
Death Proof», mergulho no hiato temporal dos filmes de série Z, é um verdadeiro flop. Um pedaço fílmico entediante, onde dois grupos de raparigas - babes na linguagem moderna -, com muito corpinho e pouca cabeça, desfilam um rol de linguagem vulgar, tentando escapar aos delírios assassinos de um pretenso duplo que, num carro à prova de morte, lhes quer fazer a folha - no sentido criminal.
É certo que o filme copia na perfeição os riscos, os cortes, os saltos de imagem e todas as imperfeições dos filmes deste período. A questão é que copia, também, um argumento sofrível, uma representação drástica e uma narrativa a caminho do vazio. Pode ter-se escrito e dito muita coisa boa sobre questões técnicas, pormenores artísticos, frames subliminares e geniais. Para o Fusco, a ideia mantém-se: «Death Proof» é um filme sofrível, reservado a seguidores fanáticos tarantinianos - críticos incluidos. Bad cinema será, sempre, bad cinema. Salva-se a banda sonora, que faz com que «Death Proof» receba do Fusco a marca de duas estrelas em cinco.
2 comentários:
O diálogo entre Samuel Jackson e Travolta sobre a tipologia fast food na europa, em Pulp Fiction, vale por todos os filmes de merda que o tarantino possa fazer :p
Olha que eu ainda assim prefiro a conversa sobre o «like a virgin» da Madonna, no início do Reservoir Dogs.
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