segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Chá gelado/ Iced tea



A premissa de «The Darjeeling Limited», a nova experiência cinéfila de Wes Anderson e os suspeitos do costume, é simples: três irmãos, que não se encontram desde a morte do pai - atropelado por um táxi um ano antes -, empreendem uma viagem espiritual à India para tentar reconstruir os laços familiares há muito desatados, depois de um deles ter estado às portas da morte.

Porém, se em «The Royal Tenenbaums» (2001) ou «The Life Aquatic with Steve Zissou» (2004) a narrativa pouco linear e com ares de esquizofrenia funcionava às mil maravilhas, conferindo uma empolgante autenticidade a cada uma das personagens - como poderíamos não gostar de Royal Tenenbaum, que inventa uma doença terminal para se aproximar da família que deixou eras atrás (ao mesmo tempo que arranja um sítio para dormir depois de ter sido expulso de um quarto de hotel onde viveu sem pagar desde o primeiro dia em que lá pôs os pés), ou de Steve Zissou e o seu sonho de fazer da água o seu mundo permanente? - já em «The Darjeeling Limited» as emoções parecem ser feitas de plástico, como se o mais importante fossem os elementos cénicos, os grandes planos ou os enquadramentos feitos com régua e esquadro, fazendo das personagens elementos descartáveis imersos numa grandiosa ideia de falsidade. Uma desilusão do tamanho da Índia.



The premise of «The Darjeeling Limited», the new cinematic adventure from Wes Anderson and the usual suspects, is quite simple: three brothers, that don`t run into each other since their father`s death - hit by a taxi one year before -, go on a spiritual trip to India, trying to reconnect the family bonds after one of them experienced the vision of death.

But, if in «The Royal Tenenbaums» (2001) or «The Life Aquatic with Steve Zissou» (2004) the non-linear narrative with signs of schizophrenia worked in perfection, giving an exciting authenticity to the carachters - how could we not like Royal Tenenbaum, a man who mades up a terminal disease to get closer to a family he left ages before (at the same time he gets a place to sleep after being expelled from a non-paid hotel room), or with Steve Zissou and his dreams of making the water his permanent world? -, in «The Darjeeling Limited» emotions seem made of plastic, as if the most important thing were the scenic elements, the great plans, the frameworks made with ruler and square, transforming the caracthers in disposable elements lost in a great idea of fakeness. A disappointement the size of India.

2 comentários:

Jorge A. disse...

"Uma desilusão do tamanho da Índia."

Já tinha ouvido dizer que sim, mas mesmo assim, i'll give it a try. No próximo fim de semana já terei opinião sobre o mesmo.

Lusco Fusco disse...

Fazes bem, nada melhor do que ver pelas nossas próprias lentes. Eu no próximo fim-de-semana vou ver o novo do Burton, o «barbeiro doidivanas».