quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Gélida independência



Nove anos depois da sua morte e cinquenta e dois após a atribuição do Nobel da Literatura, o escritor islandês Halldór Kiljan Laxness assiste das alturas à edição de um livro da sua autoria em território lusitano.

"Gente Independente", editado pela Cavalo de Ferro (1ª edição em 2007) é um épico sobre a luta pela independência, num mundo onde não há espaço para a clemência. Bjär­tur, a personagem principal, vive uma Odisseia pessoal, desconfiado do progresso, das cooperativas, dos estranhos, dos vizinhos, agarrado a uma vida de servidão embalado pela poesia de tempos antigos. Um livro inesquecível que nos transporta até uma Islândia no início do século, onde a superstição e a luta diária pela sobrevivência deixam pouco espaço para o sonho - uma história que século após século se vai repetindo. O Fusco deixa um pequeno excerto de um livro comovente, a que oferece 4,5 ovelhas num rebanho de 5.

"A história dos séculos neste vale é a história dum homem independente que luta de mãos vazias contra espectros sempre novos e de diferentes nomes. Às vezes o espectro é uma espécie de diabo divinal que amaldiçoa as suas terras. Às vezes, disfarçado de bruxa, parte os seus ossos. Às vezes, em forma de fantasma, endoidece os seus parentes. Às vezes, com a forma de um monstro, destrói os seus aposentos. E é, no entanto, eternamente o mesmo espectro que molesta o mesmo homem, século após século."

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