domingo, 17 de dezembro de 2006

Queima das Fitas 2006

2006 não foi um ano dado a grandes fitas, mas ainda assim escolhemos três que nos fizeram sair do cinema a levitar sobre a terra de encontro às estrelas.

The Departed, de Martin Scorsese


Depois de "filmes menores" como Gangs of New York ou The Aviator, Martin Scorsese regressou em grande com The Departed. Recriando Internal Affairs, um dos capítulos da trilogia de Hong Kong sobre infiltrados -, Scorsese construiu um filme onde o elemento surpresa está sempre presente, não permitindo ao espectador respirar fundo sob o risco de apanhar um susto de morte. DiCaprio e Damon estão formidáveis, assumido o papel de personagens que nos deixam adivinhar e sentir as cicatrizes profundas que vão tomando conta de almas em sobressalto. Se existir um deus do cinema, então já terá colocado de lado duas estatuetas: melhor filme e melhor actor (para DiCaprio). De mestre.

Volver, de Pedro Almodóvar

Está por nascer o dia em que Almodóvar nos vai oferecer uma fita sem cheiro ou sabor. Volver conta-nos os segredos e as intrigas que tomam conta das famílias, os fantasmas que as minam e jamais as abandonam. Um olhar sobre a forma como encaramos a morte, que deixa lugar para a esperança e tempo para um novo começo. Comovente.

Little Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris

Pode dizer-se que salvou a honra do cinema independente. O universo familiar pelo seu lado mais psicadélico, numa família que se vai reencontrando ao longo de um percurso de quase dois mil quilómetros. Uma visão sarcástica do mundo moderno da gestão que tudo divide em perdedores e ganhadores, e que nos mostra que por vezes a derrota pode ser bastante mais saborosa. Encantador.

E ainda...

Como vivemos num país onde muitos filmes acusam falta de pontualidade, aqui ficam alguns destaques do que vimos este ano fora do prazo de exibição internacional. Cinco escolhas de eleição.

The New World (2005), de Terence Mallick
An History of Violence (2005), de David Cronenberg
Paradise Now (2005), de Hany Abu-Assad
Shijie (2004) (O Mundo em terras lusitanas), de Zhang Ke Jia
Professione: Reporter (1975), de Michelangelo Antonioni - ok, este não foi por falta de pontualidade, trata-se mesmo de uma reedição...

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