Já se sabe que andamos a ser vendidos aos retalhos a Espanha, e que por um destes dia estaremos a arranhar um portunhol esquisito. Até aí nada de novo. Porém, no que toca ao Fado - que com Fátima e o Futebol constituem a bela trilogia portuguesa dos três efes -, a coisa teimava em manter-se ao ritmo de uma modinha antiga.
Carlos Saura, realizador espanhol que nos últimos anos tem andado virado para uma espécie de filme-documentário, decidiu fazer uma abordagem ao Fado - que serviria para fechar uma trilogia iniciada com o Flamenco e o Tango. Convidou Carlos do Carmo para supervisor musical, Bernardo Sassetti para responsável pela banda sonora, Rui Viera Nery para consultor científico e Eduardo Serra para director de fotografia. No elenco, nomes como os de Mariza, Camané, Argentina Santos, José Fontes Rocha e Ricardo Rocha davam um ar sério ao projecto. Até a Câmara Municipal de Lisboa, esquecendo o buraco gigante em que está metida mas esperançada num hino ao fado português, se chegou à frente com 1,21 milhões de euros.
Porém, quando se visiona o trailer de «Fados», dá para ver que de Fado tem o filme muito pouco. Quando vemos Lila Downs e Caetano Veloso no papel de fadistas - o grande Caetano mete pena - e o anúncio feliz na imprensa de que um fado-rap fará parte do pacote musical, até nos caem as lágrimas. No final da rodagem, Saura disse com orgulho: «Hemos inventado el fado bailado. Era mi obsesión». Quanto a nós, não conseguimos parar de pensar que fomos outra vez enganados por nuestros hermanos. A prova do crime já a seguir.
1 comentário:
Crime?!
Isto é mas é pecado! Capital!!!
Fado é português, e sem sotaque!
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