sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Alquimista em regime de after-hours



Kurt Wagner, temporariamente afastado dos Lambchop para uma aventura a solo, enganou o relógio do alquimista e tocou perto de duas horas. Em destaque estiveram temas novos, havendo pouco espaço para digerir as mais saborosas costeletas de carneiro do planeta. Começou com o génio à solta, encetou um curto passeio nas margens do tédio mas ainda chegou a tempo de terminar a visita à Lusitânia em grande estilo. O espaço cénico criado, onde numa corda de roupa as letras eram penduradas depois de as canções terem cessado - assim como alguns cigarros -, ajudou a que pudéssemos imaginar Wagner no seu quarto, em puro devaneio, acedendo por momentos à intimidade da composição wagneriana. Na próxima visita, que traga os amigos.



Na primeira parte, Mazgani mostrou-se ao Alquimista em nome próprio, sem espaço para refúgio em orquestrações. É certo que estava nervoso, que citou nomes e pensamentos alheios mais do que contou histórias em nome próprio - como a de alguém que numa rádio disse «não sei cantar mas sou um grande fadista» -, que entre músicas a sua voz tremeu e quase se transformou em murmúrio. Porém, na arte de cantar, tocar e transmitir emoções em carne viva, estivémos na presença de um pequeno deus. «Song Of The New Heart», disco de estreia, merece entrada directa no reino dos tops.

Kurt Wagner + Mazgani (Santiago Alquimista, 17/10/2007)

2 comentários:

bitsounds disse...

foram dois bons concertos, e que voltem os lambchop

Lusco Fusco disse...

Queremos costeletas de carneiro na ementa!