sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Adeus inocência
Para quem acompanha a viagem musical de Mazgani desde a casa de partida, foi com grande espanto e sentida emoção que o Fusco assistiu ontem ao concerto no cineteatro joão mota, na marítima cidade de Sesimbra.
Se no primeiro disco habitava uma produção muito polida, como se imperasse o medo de deixar a nu algum grão de sujidade, agora entramos num universo bem diferente, algures entre a declamação embebida em fumo e alcool à Tom Waits e o amor escrito a sangue de Nick Cave, num céu onde abutres combatem por um corpo que se deixe adormecer à sombra enganadora de uma árvore enfeitiçada.
O formato trio, com Shahryar a dançar entre a voz e a guitarra de duas faces, Sérgio Mendes a desenhar paisagens inóspitas numa guitarra deslizante e Victor Coimbra a dar corpo e forma num contrabaixo aos sonhos e pesadelos cantados, é uma viagem musical da qual não apetece voltar.
A inocência, musical e física, já era. Foi um deleite ver Shahryar dançar entre chamas, gritando a plenos pulmões como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Mazgani está mais crescido, mais zangado e, a cada dia que passa, mais inspirado. Tell The People. Este rapaz merece-o com cada uma das letras impressas na cor do fogo que alimenta os céus e os infernos deste mundo.
Dica: Tell The People (EP) está disponível para download gratuito. Sigam por aqui.
2 comentários:
Depois da tua conversa ainda fiquei com mais pena de não ter ido.É bom saber que há por aí gente com talento que cresce e aparece!
Já saquei o álbum há umas semanas, está sem dúvida espectacular.
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