quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um rio que não seca



Cormac McCarthy é um escritor assombroso. Com frases curtas e adjectivos tão afiados quanto uma faca de carniceiro consegue ser, o escritor americano esventra-nos a alma de alto a baixo, sendo a própria esperança algo que sobrevive por um triz a uma melancolia pintada de negro.

"Suttree" é, dizem os especialistas, o mais autobiográfico livro de Cormac, tendo sido comparado a obras como "Ulysses" (James Joyce) ou "Adventures of Huckleberry Finn" (Mark Twain). A história desenrola-se no ano 1951 em Knoxville, Tennessee, seguindo os passos de Cornelius Suttree, um homem que rejeitou a sua anterior vida e os privilégios adquiridos para se tornar num simples pescador do rio Tennessee, rodeado por miseráveis, escroques, prostitutas e rituais. Apesar da miséria, Sutree percorre o seu caminho com uma dignidade impressionante, numa viagem interior de proporções épicas até dar de caras com o seu novo "eu". Enigmático, mitológico e com alguma dose de humor, "Sutree" é mais um grande livro de um escritor de eleição. 9 rios carregados de peixe em 10.

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