quinta-feira, 15 de abril de 2010

Apanhar uma pedra na lua



"A Pedra da Lua", romance policial de Wilkie Collins, foi escrito no longínquo ano de 1868. A narrativa gira em torno do desaparecimento da Pedra da Lua - uma jóia que havia sido incrustada na testa do deus indiano das quatro mãos que representava a lua e que, após um roubo decorrido durante uma invasão inglesa, chega a solo britânico para despertar a cobiça e o engenho de um sem número de pretendentes ao longode vários anos.

Collins é considerado o percusos do género policial, e foi uma inovação na época o facto de o livro ser escrito a muitas vozes, com personagens fantásticas que ficam gravadas na memória após a sua leitura: "Betteredge, o respeitoso e assíduo leitor de Robinson Crusoe; Ablewhite, o filantropo; Rosanna Spearman, disforme e apaixonada; Miss Clarck, a bruxametodsta; Cuff, o primeiro detective da literatura britânica" (palavras de Jorge Luís Borges).

Além de recomendar vivamente a sua leitura, O Fusco partilha um dos pensamentos do mordomo sobre o que há que ter em conta na escolha de uma companheira. Um livro que merece 10 jóias numa caixa onde apenas cabem uma dezena.

"Levava uma vida regalada, dir-me-ão. Gozando de uma posição honrosa e de confiança, vivendo numa pequena casa só para mim, ocupando as manhãs a fazr as minhas rondas pela propriedade e fazendo as contas durante tarde, gozando o meu cachimbo e o Robinson Cruso à noite, que mais poderia eu querer para me sentir feliz? Pois lembre-se o leitor do que Adão quis quando estava sozinho no Jardim do Éden, e se não o censurou, tão pouco me condene a mim.
A mulher em que os meus olhos haviam pousado era a que tratava da minha casa. Chamava-se Selina Goby. No que se refer à escolha de uma esposa, concordo com o falecido William Cobbett: "Trata de arranjar uma mulher que mastigue bem a comida e que pise firmemente o chão quando caminha e tudo correrá bem." Selina Goby reunia essas duas características, o que constituía uma razão para a desposar. Mas houve um outro motivo e esse fui eu quem o descobriu. Sendo Selina solteira, eu tinha de lhe pagar semanalmente a comida e os serviços que me prestava; como esposa, não poderia cobrar-me dinheiro para a comida e teria de servir-me de graça. Foi esse o meu ponto de vista - economia e uma pitada de amor
".

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