sábado, 2 de dezembro de 2006

O rapaz dos agrafos


Seis albuns bastaram para transformar os Tindersticks numa das maiores bandas de culto do circuito indie mundial. Orquestrações de primeira água, um leque gigantesco de instrumentos, influências jazzísticas com o bichinho do flamenco e uma voz deslumbrante entre modelações à Elvis Presley e universos temáticos banhados em Leonard Cohen foram o mote para que a banda, em Portugal, conquistasse mais adeptos que a Igreja Universal do Reino de Deus.
Em 2003, após a edição do estrondoso «Waiting for the Moon», os Tindersticks calaram-se. Temeu-se o pior, os fãs acendiam velas aos deuses da melodia para que o regresso fosse rápido e o mundo não perdesse uma das suas maiores bandas. As preces foram ouvidas em 2005, mas de uma forma desviante. Stuart Staples, a voz mítica e alma dos Tindersticks, aparecia em nome próprio com «Lucky Dog Recordings», onde o universo musical permanecia intocável.
Ontem a Aula Magna recebeu de braços abertos Stuart e amigos, para apresentarem ao vivo «Leaving Songs», disco editado este ano. O festim musical de quase duas horas terminou com uma prenda muito especial para uma plateia rendida: «Tiny Tears» (1995), dos Tindersticks, a única canção onde Stuart precisou do fumo de um cigarro para uma viagem a um passado que deixou marcas como uma ferida aberta. Voltaram com champagne para receber uma ovação de pé, brindaram-nos com um sorriso largo e partiram felizes. E nós agradecemos aos deuses da melodia por uma noite memorável.

1 comentário:

bitsounds disse...

«Lucky Dog Recordings» foi uma semi-desilusão, esperava mais na produção mas com «Leaving Songs» o fascinio voltou, será que os sticks têm futuro ? com discos assim até parece que o stuart não preciso do resto da banda.